Resolução CFM nº 1.819 de 17/05/2007

Norma Federal

Proíbe a colocação do diagnóstico codificado (CID) ou tempo de doença no preenchimento das guias da TISS de consulta e solicitação de exames de seguradoras e operadoras de planos de saúde concomitantemente com a identificação do paciente e dá outras providências.

O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957 , regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958 , e Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004 ,

CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação dos aspectos éticos relacionados ao preenchimento das guias de consultas emitidas pelas seguradoras e operadoras de planos de saúde;

CONSIDERANDO que o ser humano deve ser o principal alvo da atenção médica;

CONSIDERANDO o que preceitua o art. 5º, inciso X da Constituição da República Federativa do Brasil ;

CONSIDERANDO o que preceituam os arts. 153 , 154 e 325 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) ;

CONSIDERANDO o que preceitua o art. 229, inciso I do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) ;

CONSIDERANDO o que determina o art. 205 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 ;

CONSIDERANDO o constante nos arts. 8º , 11 , 45 e todo o Capítulo IX do Código de Ética Médica ;

CONSIDERANDO o disposto no art. 14 do Regimento Interno do Conselho Federal de Medicina, aprovado pela Resolução CFM nº 1.753/2004, de 08.10.2004 ;

CONSIDERANDO que as informações oriundas da relação médico-paciente pertencem ao paciente, sendo o médico apenas o seu fiel depositário;

CONSIDERANDO que o ordenamento jurídico nacional prevê situações excludentes do segredo profissional;

CONSIDERANDO ser indispensável ao médico identificar o paciente ao qual assiste;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária de 17.05.2007, resolve:

Art. 1º Vedar ao médico o preenchimento, nas guias de consulta e solicitação de exames das operadoras de planos de saúde, dos campos referentes à Classificação Internacional de Doenças (CID) e tempo de doença concomitantemente com qualquer outro tipo de identificação do paciente ou qualquer outra informação sobre diagnóstico, haja vista que o sigilo na relação médico-paciente é um direito inalienável do paciente, cabendo ao médico a sua proteção e guarda.

Parágrafo único. Excetuam-se desta proibição os casos previstos em lei. (Redação dada ao parágrafo pela Resolução CFM nº 1.976, de 12.07.2011, DOU 29.09.2011 )

Nota:Redação Anterior:
"Parágrafo único. Excetuam-se desta proibição os casos previstos em lei ou aqueles em que haja transmissão eletrônica de informações, segundo as resoluções emanadas do Conselho Federal de Medicina."

Art. 2º Considerar falta ética grave todo e qualquer tipo de constrangimento exercido sobre os médicos para forçá-los ao descumprimento desta resolução ou de qualquer outro preceito ético-legal.

Parágrafo único. Respondem perante os Conselhos de Medicina os diretores médicos, os diretores técnicos, os prepostos médicos e quaisquer outros médicos que, direta ou indiretamente, concorram para a prática do delito ético descrito no caput deste artigo.

Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília-DF, 17 de maio de 2007.

ROBERTO LUIZ D'AVILA

Presidente em Exercício

LÍVIA BARROS GARÇÃO

Secretária-Geral