Resolução SEAPPA nº 4 DE 03/03/2021

Norma Estadual - Rio de Janeiro - Publicado no DOE em 08 mar 2021

Inclui no Programa Especial de Fomento Agropecuário e Tecnológico - PEFATE, instituído pelo Decreto nº 41.852/2009, linha de financiamentos para a geração de energia solar rural (geração distribuída), e dá outras providências.

O Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o que consta no Processo nº SEI-020007/002382/2020,

Considerando:

- o Decreto nº 41.852 , de 06 de maio de 2009, que consolidou os programas de fomento da SEAPPA, preexistentes até maio/2009, e instituiu o Programa Especial de Fomento Agropecuário e Tecnológico - PEFATE, em seu art. 2º prevê a inclusão no Programa de novos segmentos agropecuários e agroindustriais, além daqueles até então contemplados;

- o sistema brasileiro de produção e transmissão de energia elétrica encontra-se diante de forte diversificação de sua matriz energética, historicamente baseado em geração hidroelétrica e, assim, o país vem observando crescente penetração das chamadas fontes alternativas e renováveis de energia, entre as quais, a fonte solar que se destaca por apresentar o maior índice de viabilidade e de crescimento;

- o alto custo da tarifa de energia elétrica tradicional muitas vezes compromete a rentabilidade das atividades rurais, estimulando o produtor a buscar fontes alternativas de energia elétrica, como a energia solar, que possibilita reduzir em até 90% a sua conta de energia, valoriza o seu imóvel, diminui a temperatura interna das edificações e, por ser fonte limpa de energia, contribui com o meio ambiente;

- a consolidação da geração fotovoltaica de energia tem sido motivada por diversos fatores, sendo um deles o elevado índice de radiação solar no Brasil;

- o Estado do Rio de Janeiro possui uma irradiação solar global anual de 1.460 a 2.010 kWh/m2, maiores que a da República Federal Alemanha, que possui um nível médio de 1.700 kWh/m2, e é o país líder na instalação de sistemas fotovoltaicos;

- por intermédio da energia fotovoltaica propagou-se a possibilidade de um consumidor gerar, por iniciativa própria, energia elétrica de forma limpa e silenciosa em seu imóvel e, caso ele já seja usuário de rede tradicional de energia elétrica, obter créditos para reduzir o valor de sua conta de energia, sem a burocracia causada pelos grandes empreendimentos de geração.

- as Resoluções Normativas ANEEL nº 482, de 17 de abril de 2012 e nº 687, de 24 de novembro de 2015 estabeleceram o sistema de compensação de energia elétrica mediante o qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa;

- é função do estado contribuir para o desenvolvimento sustentável da economia rural gerando e difundindo informações e tecnologias e consolidando políticas públicas para os segmentos rurais, em benefício da sociedade;

Resolve:

Art. 1º Fica incluído no rol dos segmentos agropecuários atendidos pelo Programa Especial de Fomento Agropecuário e Tecnológico - PEFATE, instituído pelo Decreto nº 41.852 , de 06 de maio de 2009, a linha de financiamento de investimentos necessários à geração de energia solar (fotovoltaica), denominado "Programa Rio Energia Limpa", em nível de imóvel rural, conectada ou não à Rede Elétrica de Distribuição da Concessionária, nos termos do Anexo Único desta Resolução.

Art. 2º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Niterói, 03 de março de 2021

MARCELO QUEIROZ

Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento

ANEXO ÚNICO - PROGRAMA ESPECIAL DE FOMENTO AGROPECUÁRIO E TECNOLÓGICO (PEFATE - Agrofundo)

Parâmetros da linha direcionada ao Financiamento da Geração de Energia Solar

"Fomento RIO ENERGIA LIMPA"

Considerações Preliminares - Premissas O agronegócio é um setor que necessita de eletricidade para realizar boa parte das suas atividades. Por isso a produção de energia solar (fotovoltaica) dentro das propriedades rurais vem se expandindo, assim como a utilização de outras fontes renováveis de energia.

A energia solar traz mais economia, além de, ser uma ótima alternativa ao produtor que (sofre com a qualidade do fornecimento de energia), pois o sistema fotovoltaico ajudará no período de incidência solar na estabilidade do nível de tensão para o sistema da concessionária, amenizando as constantes variações de tensão provocado pela baixa qualidade do fornecimento pelas concessionárias nas redes de zona rural.

A energia solar fotovoltaica faz a conversão direta da radiação solar em energia elétrica. Essa conversão é feita pelas células fotovoltaicas que são compostas por um material semicondutor, normalmente o silício.

A luz solar ao incidir sobre as células provoca a movimentação de elétrons que são transportados até serem captados por um campo elétrico e gerar eletricidade.

A energia solar é gerada a partir da captação da luz do sol. E o campo é um dos locais com maior potencial de aproveitamento dessa fonte de energia. Ter a capacidade de gerar sua própria energia faz com que a propriedade rural tenha um ganho considerável na sua própria geração de energia, podendo este recurso ser aplicado nas atividades fins do produtor rural. A energia solar poderá ser usada pelos produtores rurais para:

Sistemas de ordenha mecânica.

Acionamento de bombas para Irrigação das pastagens e outras culturas ou plantações.

Funcionamento de Conjunto moto forrageiro, ensiladeiras, trituradores, secadores etc.

Fonte de energia para as cercas elétricas.

Bombeamento de água para consumo residência ou dessedentação animal.

Iluminação, eletrodomésticos, etc.

Resfriadores e câmaras frias.

Iluminação, ventilação e resfriamento de grão nos silos.

Monitoramento e auxílio dos diversos processos produtivos do agronegócio.

Etc.

Além de ser renovável, o uso da energia solar é muito vantajoso, e tem se tornando um item de necessidade dentro do agronegócio.

O uso massivo da energia produzida pelas hidrelétricas apresenta frequentes riscos e provoca prejuízos para o meio ambiente, para as pessoas e para os negócios.

Os painéis de energia solar possuem garantia de aproximadamente doze anos, e tem vida útil de até vinte e cinco anos, o que denota que o investimento retorna em forma de economia, que pode ser equivalente a um período de seis a oito anos de uma conta de energia comum.

O Estado do Rio de Janeiro possui um alto potencial de irradiação solar, de modo que Atlas Rio Solar - Atlas Solarimétrico do Estado do Rio de Janeiro: Governo Estadual, EGP Energia e PUC-Rio, publicado em 2016, mostra que a irradiação solar sobre o Estado do Rio de Janeiro varia de 4,0 a 5,5 kWh/m2, valores estes que são máximos na região norte e noroeste e mínimos na região serrana fluminense A regulamentação da energia renovável também abre espaço para os consumidores virarem produtores. Ou seja, se a propriedade tem capacidade para produzir mais do que consome ela poderá direcionar o excedente para o Sistema de Compensação de Energia, instituído pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, conforme disposto na Resolução Normativa 482, de 17 de abril de 2012, e obter créditos que podem ser usados em outras unidades consumidoras.

2. Objetivos:

Contribuir para a mudança do perfil de consumo energético rural, posto que os custos com a energia elétrica convencional são altos e significativos consumindo boa parte do orçamento das propriedades rurais. Dotar os estabelecimentos agropecuários de condições mais favoráveis para a sua exploração econômica, mediante a adequação da sua infraestrutura física e de produção sustentável.

3. CONDIÇÕES DO FINANCIAMENTO:

3.1 - Beneficiários (Público Alvo).

Produtores rurais, pessoas físicas e jurídicas, detentores de títulos de propriedade dos imóveis rurais, com explorações sediadas no território fluminense, que exercitem a exploração de atividades agropecuárias em moldes, rentáveis, sustentáveis e econômicos e que gere superávit que garanta a amortização do financiamento destinado à geração de energia fotovoltaica em suas propriedades.

3.2 - Itens Financiáveis:

Investimentos rurais fixos e semifixos destinados à geração de energia solar (fotovoltaica) a serem implantadas em propriedades rurais.

3.2.1 - Quando Conectada à rede de transmissão de concessionária energia:

1. a aquisição de painéis solares fotovoltaicos, suportes e estruturas de fixação dos painéis solares, inversores, cabos, eletrodutos, String Box (caixa de proteção de corrente contínua e corrente alternada) com os dispositivos de proteção, conectores, etc.

2. a mão de obra técnica para a instalação do sistema de geração de energia solar.

Nota:

É admissível o financiamento de energia fotovoltaica para instalação não conectada à rede de transmissão de concessionária tradicional de energia elétrica, em locais do imóvel rural, distante do Padrão da Rede, neste caso, sem a cogeração de energia (sem Geração Distribuída), quando a força se destinar a:

ao acionamento de bombas hidráulicas para irrigação, dessedentação de animais, irrigação, etc.

à energização de cercas elétricas.

3.3 - Limite Financiável:

O limite financiável é de 100% do orçamento, limitado a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

No somatório dos créditos para a concessão de financiamentos, serão considerados os saldos devedores das eventuais operações preexistentes concedidas pelo PEFATE ao financiado.

3.4 - Encargos Financeiros:

Juros à taxa efetiva de 2,00 % (dois por cento) ao ano, capitalizados mensalmente, exigidos juntamente com as amortizações do principal, nos vencimentos e na liquidação da dívida, proporcionalmente aos seus valores nominais.

3.5 - Prazos dos Financiamentos: Até 96 meses (8 anos).

3.6 - Prazos de Carência dos Financiamentos: Até 12 meses (1 ano)

3.7 - Forma de Amortização dos Financiamentos:

Após o período de carência, os financiamentos serão amortizados em prestações mensais, trimestrais, semestrais ou anuais, em conformidade com o projeto técnico, que obedecerá ao fluxo das receitas das atividades da propriedade rural financiada;

3.8 - Forma de Liberação do financiamento:

Os recursos serão liberados parceladamente, de acordo com o cronograma físico-financeiro dos projetos técnicos, diretamente na conta do financiado ou mediante pagamento direto ao fornecedor dos bens ou o executor dos serviços financiados, a critério do Comitê de Deferimento do PE PEFATE, sopesada a dimensão dos valores envolvidos nas liberações.

Em todas as situações, se priorizará a liberação:

1. Quando envolver aquisições ou prestação de serviços por terceiros, mediante pagamento direto ao fornecedor dos bens ou prestador dos serviços financiados, depois de fornecida cópia da Nota Fiscal correspondente às aquisições realizadas ou aos serviços executados;

2. No caso das liberações subsequentes à primeira liberação, na conta corrente do financiado, a critério do Estado, após comprovada por laudo técnico a integral aplicação da parcela anteriormente liberada;

3.9. Garantias:

A exigência de garantias dos financiamentos é de exclusiva competência do Comitê de Deferimento de Créditos e/ou do Grupo Executivo do PEFATE e observará, prioritariamente às seguintes orientações

1. Financiamento de valor até R$ 30.000,00 (trinta mil reais):

Garantia Pessoal prestada pelo financiado;

2. Financiamentos de valor superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais):

Garantia Fidejussória, representada por aval ou fiança prestada por detentor de patrimônio equivalente, no mínimo, ao dobro do valor concedido ao financiado; e/ou

Garantia Real, representada por alienação fiduciária (do bem financiado) e penhor de máquinas, veículos, animais ou outros bens, próprios do financiado ou de interveniente garante, cuja avaliação comprove ser de valor, no mínimo, correspondente ao dobro do valor financiado;

3.10. Responsabilidades Exclusivas do Financiado.

3.10.1 - Perante o Fornecedor dos Equipamentos - Desobrigação do Estado.

Compete exclusivamente ao produtor rural financiado a escolha do fornecedor do material financiado, sendo de sua exclusiva responsabilidade todas as tratativas perante o fornecedor naquilo que pertine à entrega, a instalação, a qualidade dos bens, os testes de perfeito funcionamento e a eficiência na geração da energia fotovoltaica financiada pelo Estado, eximindo-se o financiador (Estado) de quaisquer responsabilidades neste contexto, sem prejuízo dos compromissos que forem assumidos pelo financiado junto ao financiador.

3.10.2 - Perante a Rede Distribuidora de Eletricidade.

O Financiador, o Estado do Rio de Janeiro, se exime da realização de tratativas perante as Concessionárias, Permissionárias ou Autorizadas para o serviço público de distribuição de energia elétrica no que pertine a adequação e concepção das instalações bem como aos parâmetros do Sistema de Compensação de Energia Elétrica em créditos, e demais tratativas a que fizer jus o ruralista perante a Distribuidora.

4. Disposições Finais.

4.1 - A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro - EMATER-RIO será a responsável pela elaboração do projeto técnico e pela orientação técnica, gerencial e contábil durante todo o período de implantação do projeto técnico. Esta competência da EMATER-RIO poderá ser substabelecida mediante autorização do Grupo Executivo do PEFATE.

4.2 - O técnico responsável pelo projeto deverá avaliar o perfil de consumo médio anual de energia demandado pelas atividades da propriedade rural, o que embasará a estimativa de dimensão do sistema de energia solar a ser implantado.

4.3 - A orientação técnica prestada pela EMATER-RIO será de caráter geral aos beneficiários do financiamento, e se dará na cadência necessária das fiscalizações dos créditos concedidos, cabendo a cada beneficiário a contratação de assistência técnica específica aos projetos, sempre que julgado necessário.

4.4 - Competirá ao financiado realizar periodicamente a manutenção do seu sistema de energia solar, consistindo basicamente em limpar as placas solares de 2 a 3 vezes ao ano, ou quando o sistema apresentar alguma queda na produção de energia.

4.5 - No caso de falecimento do beneficiário no curso do contrato de financiamento junto ao Estado, fica permitido o seu aditamento visando a regularização da situação do contratante, desde que o herdeiro, inventariante ou administrador provisório do espólio se disponha a cumprir as exigências contidas no projeto técnico, no contrato de abertura de crédito e nesta Resolução.

4.6 - Não havendo interesse ou possibilidade de aditamento do contrato ou de prosseguimento da atividade financiada, o contrato será considerado vencido, e encaminhado à Assessoria jurídica da SEAPPA, para a adoção das providências cabíveis.