Portaria Interministerial MF/MA/MPO nº 26 de 13/02/1998

Norma Federal - Publicado no DO em 18 fev 1998

Dispõe sobre medidas de revitalizações de cooperativas de produção agropecuária

Art. 1º. Para habilitação às medidas de reestruturação e capitalização constante do documento anexo MEDIDAS DE REVITALIZAÇÃO DE COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, as cooperativas ficam sujeitas ao cumprimento das disposições gerais nele expressas.

Art. 2º. O Comitê Executivo examinará consulta prévia de cada cooperativa de produção agropecuária, formalizada nos termos do anexo ROTEIRO DE INFORMAÇÕES PARA ENQUADRAMENTO e encaminhada por intermédio de entidades do sistema de Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB, sobre a possibilidade de sua inclusão como beneficiária das medidas de revitalização.

Parágrafo único. O recebimento da carta-consulta pelo Comitê Executivo dar-se-á até 31 de março de 1998 e o resultado de seu exame ocorrerá até 30 de abril de 1998.

Art. 3º. Os termos de referência a serem obedecidos na elaboração do projeto de revitalização de cada cooperativa, que for julgada enquadrável pelo Comitê Executivo segundo o artigo anterior, serão informados oportunamente.

Art. 4º. Para efeito do disposto nos artigos 1º e 2º desta Portaria, as dívidas de responsabilidade das cooperativas de produção agropecuária deverão permanecer em situação de normalidade, até a manifestação do Comitê Executivo sobre a mencionada carta-consulta.

Art. 5º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Pedro Sampaio Malan

Ministro de Estado da Fazenda

Arlindo Porto

Ministro de Estado de Agricultura e do Abastecimento

Antônio Kandir

Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento

ANEXO
MEDIDAS DE REVITALIZAÇÃO DE COOPERATIVAS
DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

(RECOOP)

1 Finalidade

Reestruturar e capitalizar cooperativas de produção agropecuária, visando seu desenvolvimento auto-sustentado, em condições de competitividade e efetividade, que resulte na manutenção, geração e melhoria do emprego e renda.

2. Beneficiários

Cooperativas de produção agropecuária devidamente amparadas sob a legislação cooperativista em vigor.

3. Condição para enquadramentoPreliminarmente, encaminhamento pela cooperativa de consulta prévia sobre o seu enquadramento no programa, de acordo com o ROTEIRO DE INFORMAÇÕES PARA ENQUADRAMENTO em anexo. Em caso de resposta positiva à consulta, apresentação do PLANO DE DESENVOLVIMENTO COOPERATIVO, aprovado em Assembléia Geral Extraordinária por maioria dos cooperados, que contemple os seguintes projetos, observado o ROTEIRO DE INFORMAÇÕES PARA ANÁLISE DO PROJETO a ser oportunamente fornecido:

3.1 Projeto de reestruturação demonstrando a viabilidade técnica e econômico-financeira do complexo cooperativo:

a) seleção das áreas de atuação, direcionando mais as operações para atividades com maior capacidade de retorno;b) adequação da escala operacional dos empreendimentos mediante fusões e incorporações, considerando a localização geoeconômica, a estrutura de distribuição e o ponto de equilíbrio para cada atividade econômica;c) adequação tecnológica do parque industrial, dos processos produtivos, dos sistemas de informação e dos sistemas de comercialização;

d) adequação da estrutura patrimonial, se for o caso, por meio de desimobilização de ativos não operacionais ou operacionalmente dispensáveis.

3.2 Projeto de capitalização, que contemple obrigatoriamente:a) taxa de retenção sobre a produção entregue e comercializada pelos cooperados, destinada a um fundo de capitalização, visando o saneamento financeiro da cooperativa;b) outras formas de capitalização de responsabilidade dos cooperados;c) aporte de capital de empresas não-cooperativas, relações de parceria e de gestão, observando-se as exigências legais e a manutenção do controle pelas cooperativas.

3.3. Projeto de profissionalização da gestão cooperativa, que contemple:

a) adoção de estrutura profissional de gestão cooperativa, compatível com o mercado competitivo;

b) capacitação dos dirigentes, dos membros do conselho fiscal, quadro funcional, através de programas de treinamento específico com apoio do sistema Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB e Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural - DENACOOP, notadamente nas seguintes áreas:

b.1) dinâmica, filosofia e gestão cooperativista;

b.2) desenvolvimento técnico das atividades produtivas;

b.3) comercialização da produção em mercados físico e futuro, comércio exterior e mecanismos de hedge;

b.4) administração de negócios;

c) reformulação na política de recursos humanos (seleção, qualificação profissional, cargos, produtividade, remuneração) pautada pelos requisitos de eficiência e qualidade vigentes no mercado, procedendo ao ajuste necessário no quadro de funcionários.

3.4 Projeto de organização e profissionalização dos cooperados, que contemple:

a) seletividade associativa de modo a manter na entidade os cooperados com disposição de assumirem os compromissos necessários para o sucesso do projeto de revitalização da cooperativa, e que possam absorver as tecnologias necessárias para viabilização do empreendimento;

b) aprimoramento dos processos e relações entre cooperativa e cooperados;

c) capacitação dos cooperados a absorverem as tecnologias necessárias para incrementar a competitividade do empreendimento.

3.5. Projeto de monitoramento do plano de desenvolvimento cooperativo, que contemple:

a) elaboração dos demonstrativos contábeis e financeiros de acordo com as normas técnicas estabelecidas pelo órgão de supervisão, inclusive registrando os ativos de difícil recebimento, de modo a refletir a real situação patrimonial;

b) adoção de mecanismos de acompanhamento econômico-financeiro da cooperativa;

c) adesão ao sistema de supervisão das cooperativas por órgão de autogestão do sistema cooperativista, autofinanciado, com atribuições de fiscalização e monitoramento das cooperativas, através de processo de revisão ou de auditoria independente, com poderes para convocar assembléias gerais e aplicar sanções, na forma que a lei do cooperativismo preconizar;

d) atualização do estatuto da cooperativa de forma a prever: aprovação em assembléia geral por maioria simples dos associados, admitida a representação por delegados, do plano de desenvolvimento cooperativo, em seus respectivos projetos.

4. Forma de habilitação

A habilitação ao RECOOP dar-se-á da seguinte forma:

4.1. A cooperativa candidata apresenta ao Comitê Executivo do RECOOP, através do sistema OCB, carta-consulta, conforme modelo próprio, contendo: diagnóstico e condição preliminar de viabilidade. O prazo para encaminhamento de carta-consulta ao Comitê Executivo do RECOOP se encerra no dia 31 de março de 1998.

4.2. O Comitê Executivo do RECOOP analisa a carta-consulta e se pronuncia sobre a habilitação da cooperativa ao programa, até o dia 30 de abril de 1998.

4.3. A cooperativa habilitada elabora e aprova em AGE plano de desenvolvimento cooperativo e respectivos projetos, conforme modelo próprio, e os encaminha para deliberação do Comitê Executivo, até 30 de julho de 1998.

4.4. O Comitê Executivo do RECOOP terá o prazo de 45 dias contado da data do protocolo de entrada do plano, para emitir parecer sobre o plano de desenvolvimento cooperativo.

4.5 Após aprovação do plano, o Comitê Executivo do RECOOP encaminhará a documentação aos agentes financeiros, para realização, a seu critério, das operações.

5. Aspectos operacionais e financeiros

5.1 Aplicação de recursos ou alongamento de dívidas

a) Pagamentos de dívidas da cooperativa:* com fornecedores;

* com cooperados;

* fiscais, no montante indispensável a viabilização de negociações com o fisco, ou valores não passíveis de alongamento em condições compatíveis com o projeto de revitalização;

* trabalhistas;

b. Alongamento de dívidas:

* Cotas-partes e securitização;

* Outras dívidas existentes junto ao Sistema Financeiro.

c. Alongamento de dívidas de cooperados junto a cooperativa (financiamento de recebíveis de cooperados, para monetização da cooperativa).

d. Capital de giro.

e. Investimentos:

* reestruturação e reconversão de atividades;

* verticalização e modernização tecnológica;

* aquisição de bens móveis e imóveis e assunções de ativos por desmembramento, fusões, incorporações e desimobilizações.

5.2 Formalização

a) Recomposição de dívidas por conta de crédito com cooperados: financiamento a cooperados com interveniência da cooperativa.

b) Demais casos:

b.1) alongamento do perfil do atual endividamento, com garantias reais da cooperativa e aval dos diretores;

b.2) financiamento a cooperados para integralização de cotas-partes, com interveniência da cooperativa;

b.3) outras formas, a critério do agente financeiro.

5.3. Encargos financeiros

Compatível com as peculiaridades do Programa e capacidade de pagamento, cabendo aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento encontrar fontes adequadas.

5.4 Prazos

Conforme capacidade de pagamento apurada no projeto de revitalização da cooperativa, não podendo exceder a quinze anos.

5.5 Forma de Pagamento

De acordo com o fluxo de caixa da cooperativa, admitindo-se carência para o pagamento da primeira parcela de capital, até o máximo de 24 meses. No caso de investimentos, a carência para pagamento das prestações (capital e encargos) corresponderá ao prazo de maturação do empreendimento previsto no projeto.

5.6. Limite de Crédito

Saldo devedor atualizado das operações existentes em 30 de junho de 1997, daí deduzidas multas e sanções financeiras, mais o valor atualizado das dívidas trabalhistas e das prestações indispensáveis das obrigações fiscais também existentes em 30 de junho de 1997. Ao montante apurado, se for o caso, acrescentam-se os valores destinados para capital de giro e investimentos essenciais segundo o projeto de revitalização da cooperativa.

ROTEIRO DE INFORMAÇÕES PARA ENQUADRAMENTO

(CONSULTA PRÉVIA)

1. CARACTERIZAÇÃO DA COOPERATIVA

1.1. Cooperativa

* Razão Social:

* Sigla:

* CGC:

* Sede e Foro:

* Data da Fundação:

* Área de atuação:

* Objeto Social:

* Registros em órgãos municipais, estaduais e federais:

* Capital Social integralizado, em ..../..../...., no valor de R$......

1.2 Endereço para Correspondência

1.3 Contato

(nome, cargo, telefone e fax. Caso não seja funcionário da cooperativa, deverá ser apresentado documento autorizando a representá-la junto ao Comitê Executivo do RECOOP).

1.4. Administração

(nome, CPF e cargo dos componentes da Diretoria e do Conselho de Administração, se houver, da cooperativa, com respectivas datas de início e fim de mandato).

1.5. Histórico da Cooperativa

Breve histórico das atividades da cooperativa desde a sua fundação, destacando os fatos mais relevantes.

1.6. Número e caracterização dos associados

* Quanto à atividade que explora, produtividade média obtida nos últimos três anos

* Quanto à condição de produção (proprietários, arrendatários, parceiros e outros)

* Quanto ao número geral dos associados

*Quanto ao porte (mini, pequeno, médio e grande produtor rural)

1.7. Atividades

* Produtos e atividades

* Representatividades na receita (%)

1.8. Instalações da cooperativa

a) Unidades de Recepção e Armazenagem

* Localização

* Área construída

* Destino (produtos)

* Capacidade de armazenagem (granel, ensacado) e média de ocupação

* Capacidade de secagem, limpeza, pré-limpeza e média de utilização

* Equipamentos de controle e avaliação (termometria e aeração)

b) Unidades de Beneficiamento

* Localização

* Área construída

* Capacidade de beneficiamento e média de utilização

c) Unidades industriais

* Localização

* Área construída

* Capacidade de Industrialização e média de utilização

1.9. Aspectos sobre o mercado regional

_ Número de produtores por atividade na região de abrangência da cooperativa, comparativamente com os seus associados.

_ Volume de produção na área de abrangência da cooperativa, por produto, comparativamente com a performance de recebimento da cooperativa.

_ Capacidade de beneficiamento e industrialização, instalada na área de abrangência da cooperativa, comparativamente com as suas instalações.

2 - DADOS ECONÔMICOS - FINANCEIROS

Extraídos dos últimos balanços e do balancete mais recente, conforme modelo:

2.1. Análise retrospectiva

DESCRIÇÃO            1995   1996   1997   1998

ATIVO
CIRCULANTE
Disponibilidades
Valores a receber de clientes
Valores a receber de associados
Outros valores a receber
Estoques
Despesas do exercício seguinte
Total do Circulante
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
PERMANENTE
Imobilizado
Investimentos
Diferido
Total do Permanente
TOTAL DO ATIVO
DESCRIÇÃO            1995   1996   1997   1998

PASSIVO
CIRCULANTE
Financiamentos
Fornecedores/contas a pagar
Associados a pagar
Outros valores a pagar
Total do Circulante
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Financiamentos
Outros valores a pagar
Total do Exigível a Longo Prazo
PATRIMÔNIO LÍQUIDO         1995   1996   1997   1998

Capital
Reserva de capital
Fundos e reservas
Resultado do exercício do Patrimônio Líquido
TOTAL DO PASSIVO
DESCRIÇÃO            1995   1996   1997   1998

CONTAS DE RESULTADO
Receita Bruta
Receita líquida
Margem Bruta
Despesas com pessoal
Despesas com vendas
Despesas tributárias
Despesas administrativas
Outras despesas Operacionais
Resultado Operacional
Despesas/receitas financeiras
Resultado não operacional
RESULTADO DO PERÍODO
OUTRAS INFORMAÇÕES         1995   1996   1997   1998

Compras líquidas do período
Receitas líquidas do período anterior
Depreciações e amortizações do período

* Os valores resumidos, conforme o modelo apresentado, deverão ser expressos em RS.

* Juntar os balanços e balancetes.

* Notas Explicativas aos Demonstrativos Contábeis resumidos, em especial nos itens seguintes:

- No caso de cooperativa singular, os vinte associados com maiores débitos junto à cooperativa representavam qual percentual sobre o total dos valores a receber de associados, nos respectivos exercícios.- Critério utilizado para constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa, nos respectivos exercícios. Destacar em especial o percentual constituído nos respectivos exercícios sobre valores a receber de associados.

- Montante dos valores a receber de associados relativo a financiamento de cotas-partes.

- Composição, por modalidade, das despesas de exercícios seguintes nos respectivos anos.

- Critérios de avaliação dos estoques por modalidade nos exercícios correspondentes.- Reavaliação do ativo imobilizado, em que exercício e o valor de acréscimo por grupo do imobilizado, se ocorrer.

- Financiamento por modalidade, em cada exercício e as taxas médias praticadas. Informar as posições compradas e vendidas no mercado futuro.

- Obrigações tributárias, sociais e trabalhistas.

- Aumento de capital realizado com financiamento de cotas-partes, ainda em aberto para pagamento por partes dos associados.

- Outros esclarecimentos que julgar necessários.

*** Identificação e assinatura do Contabilista responsável pelas informações.

2.2. Projeção Orçamentária - ANO 19___

ITENS         VALOR R$ (mil)         %

1 - RECEITAS TOTAIS
1.1 - Com vendas
1.1.1 - Produtos agrícolas
1.1.2 - Produtos industrializados
1.1.3 - Insumos
1.1.4 - Bens de fornecimento

1.2 - Com serviços
1.2.1 - Taxa administrativa
1.2.2 - Taxa operacional
1.2.3 - Taxa de retenção de capital
1.2.4 - Outras

2 - CUSTOS DIRETOS
2.1 - Aquisição produtos agrícolas
2.2 - Custo produtos industrializados
2.3 - Aquisição de insumos
2.4 - Aquisição de bens de fornecimento

3 - DESPESAS ADM./OPERACIONAIS
3.1 - Com pessoal
3.2 - tributárias
3.3 - comerciais
3.4 - Administrativas
3.5 - Financeiras
3.6 - Outras despesas

4 - DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO
SALDO (1-2-3) + 4

3 - PLEITO E DESTINAÇÃO DOS RECURSOS

3.1. Valor do pleito   R$___________

3.2. Destinação

USOS         VALOR R$         %

Fornecedores
Cooperados
Salários
Encargos Sociais
Tributos
Alongamento de dívidas Inst. Financeiras
Capital de giro ou Investimento
Outros

Total

* Comentários sobre os principais fatores que justificam as alocações de recursos previstos.

* Investimentos previstos e as metas a serem atingidas.

* Grau de comprometimento das garantias.

Assinatura da Administração da Cooperativa