O COORDENADOR-GERAL DE ZONEAMENTO AGROPECUÁRIO, no uso de suas atribuições e competências estabelecidas pelas Portarias nº 440, de 24 de outubro de 2005, publicada no Diário Oficial da União de 25 de outubro de 2005, e nº 17, de 6 de janeiro de 2006, publicada no Diário Oficial da União de 9 de janeiro de 2006 e observado, no que couber, o contido na Instrução Normativa nº 2, de 22 de dezembro de 2000, da Secretaria da Comissão Especial de Recursos, publicada no Diário Oficial da União de 29 de dezembro de 2000, resolve:

Art. 1º Aprovar o Zoneamento Agrícola para a cultura de soja no Estado do Paraná, ano-safra 2006/2007, conforme anexo.

Art. 2º Esta Portaria tem vigência específica para o ano-safra definido no art. 1º e entra em vigor na data de sua publicação.

FRANCISCO JOSÉ MITIDIERI

1. NOTA TÉCNICA

A cultura da soja (Glycine max (L) Merrill) exerce um importante fator de integração sobre o complexo agroindustrial brasileiro, apresentando expressiva participação no PIB do país. Mas foi somente a partir dos anos 40 que ela adquiriu alguma importância econômica. Nas décadas de 1980 e 1990 repetiu-se, na região tropical do Brasil, o explosivo crescimento da produção ocorrido nas duas décadas anteriores na Região Sul. Em 1970, menos de 2% da produção nacional de soja era colhido no Centro-Oeste, em 1980 esse percentual passou para 20%, em 1990 já era superior a 40%, em 2000 passou para 46,20% e em 2005 para 49,87%.

Em que pese o incremento da produção de soja verificada nos últimos anos no Estado do Paraná, sua participação relativa ao total produzido no país tenha apresentado decréscimo, situando-se na safra 2005/2006 em 7,03% da produção nacional, segundo dados da CONAB de abril de 2006.

O estado do Paraná apresenta de um modo geral, adequação climática ao cultivo da soja, entretanto, a grande variabilidade inter anual da produtividade está fortemente relacionada com a ocorrência de condições climáticas impróprias ao desenvolvimento da cultura, bem como nas localidades que apresentam maior freqüência a riscos climáticos. Neste sentido, a caracterização desses riscos no âmbito do território municipal, representa um importante instrumento de delineamento da atividade agrícola, servindo diretamente como indutor de tecnologia, como mecanismo de melhor aplicação dos recursos públicos e, indiretamente, como indutor à adoção de atividades adequadas à aptidão agrícola regional.

Para realização dos estudos de zoneamento de risco climático da cultura da soja no Estado do Paraná, de forma a representar a maioria das cultivares de soja recomendadas para as diferentes regiões do estado, foram eleitas três cultivares hipotéticas, consideradas perfeitamente adaptadas às condições termofotoperiódicas dos diversos locais, com ciclos diferentes, as quais foram denominadas Precoce, Médio e Tardio. A duração dos estádios fenológicos foi estimada para cada cultivar e local de estudo. Os coeficientes de cultura (Kc) empregados para estimar o consumo hídrico em cada fase fenológica foram adaptados e interpolados para períodos decendiais.

A capacidade máxima de água dos solos foi estimada em função da profundidade efetiva do sistema radicular da cultura (35 a 50cm) e dos valores médios de CAD, resultando nos valores de reserva de 30, 50 e 75mm para os solos Tipo 1, 2 e 3, respectivamente.

A partir dos dados de precipitação pluviométrica das estações e dos respectivos valores de evapotranspiração e coeficiente da cultura para cada local, foram estimados os Índices de Satisfação das Necessidades de Água (ISNA), definidos como a relação entre a evapotranspiração real (ETr) e a evapotranspiração máxima da cultura (ETm), utilizando-se modelo específico de balanço hídrico da cultura.

Para definição dos níveis de risco hídrico, foram estabelecidas três classes, de acordo com a relação ETr/ETm obtida:

a) Favorável (ETr/ETm> 0,65);

b) Intermediária (0,65> ETr/ETm> 0,55); e

c) Desfavorável (ETR/ETm < 0,55).

Elaboraram-se simulações para nove períodos de semeadura divididos em decêndios a partir do mês de outubro, sempre englobando as épocas recomendadas pela pesquisa para obtenção dos maiores rendimentos.

A espacialização dos resultados foi realizada empregando-se os valores de ISNA estimados para o período fenológico compreendido entre a floração e a formação de grãos (período mais crítico ao déficit hídrico), com freqüência mínima de 80% dos anos utilizados em cada estação pluviométrica. A interpolação e espacialização desses valores, com uso de um sistema de informações geográficas, gerou mapas que foram posteriormente cruzados com as respectivas bases municipais, obtendo-se finalmente o percentual de área municipal sob cada nível de risco hídrico estabelecido pela relação ETr/ETm, sendo considerados aptos aqueles com um mínimo de área igual ou superior a 20% da classe favorável.

Em função do número limitado e da distribuição espacial irregular dos pontos de coletas de dados, os resultados obtidos pela modelagem, em certos casos, apresentam-se da prática local. Recorreu-se então a séries históricas de produção, área colhida e rendimento por município, reconhecimento de práticas e manejo adotados, bem como o nível de tecnologia empregada na condução das lavouras a campo, para corrigir eventuais desvios de análise.

Desse modo, o resultado final constitui-se na indicação da aptidão e risco, ou não, de determinado município que agregar uma relação específica entre: ciclo da cultura, tipo de solo e data de semeadura. A seguir estão relacionados os municípios do Estado do Paraná aptos ao cultivo e os respectivos períodos de plantio, em conformidade com os ciclos de cultivares e tipos de solos. Observa-se que os períodos de plantio, por não apresentarem diferenças significativas para cultivares de ciclo médio e tardio, são idênticos e, diferente para cultivares de ciclo precoce, nos três tipos de solos estudados.

2. TIPOS DE SOLOS APTOS AO CULTIVO

O zoneamento agrícola de risco climático para o Estado do Paraná, contempla como aptos ao cultivo de soja, os solos Tipos 1, 2 e 3, especificados na Instrução Normativa nº 10, de 14 de junho de 2005, publicada no DOU de 16 de junho de 2005, Seção 1, página 12, alterada para Instrução Normativa nº 12, através de retificação publicada no DOU de 17 de junho de 2005, Seção 1, página 6, que apresentam as seguintes características: Tipo 1: Teor de argila maior que 10% e menor ou igual a 15%, com profundidade igual ou superior a 50cm; ou Teor de argila entre 15 e 35% e com menos de 70% areia, que apresentam diferença de textura ao longo dos primeiros 50cm de solo, e com profundidade igual ou superior a 50cm. Tipo 2: solos com teor de argila entre 15 e 35% e menos de 70% areia, com profundidade igual ou superior a 50cm; e Tipo 3: a) solos com teor de argila maior que 35%, com profundidade igual ou superior a 50cm; e b) solos com menos de 35% de argila e menos de 15% de areia (textura siltosa), com profundidade igual ou superior a 50cm.

Nota - áreas/solos não indicados para o plantio: áreas de preservação obrigatória, de acordo com a Lei nº 4.771 do Código Florestal; solos que apresentem teor de argila inferior a 10% nos primeiros 50cm de solo; solos que apresentem profundidade inferior a 50cm; solos que se encontram em áreas com declividade superior a 45%; e solos muito pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e matacões (diâmetro superior a 2mm) ocupam mais de 15% da massa e/ou da superfície do terreno.

3. TABELA DE PERÍODOS DE SEMEADURA

4. CULTIVARES INDICADAS PELOS OBTENTORES/MANTENEDORES

Ciclo Precoce: COODETEC - CD 201, CD 202, CD 203, CD 207, CD 210, CD 215, CD 216, CD 221, CD 223AP, CD 212RR, CD 213RR e CD 214RR, CD 219RR (abaixo de 500m de altitude); COOPADAP - Carrera-CS 935142; IAC - IAC 23 (Norte), IAC FOSCARINI 31 (Norte) e IAC 17 (Norte); FT PESQUISA - FTS-FÊNIX, FTS Águia; EMBRAPA - BR 16, BR 36, BRS 132, BRS 133, BRS 134, BRS 137, BRS 156, IAS 5, Embrapa 48, Embrapa 59, BRS 183, BRS 184, BRS 185, BRS 212, BRS 213, BRS 230, BRS 232, BRS 242RR, BRS 243RR, BRS 255RR, BRS 257, BRS 258, BRS Invernada, BRS Macota e BRS Raiana; MONSOY - M-SOY 5826, MSOY 5942, M-SOY 6101, M-SOY 6825 e M-SOY 7979RR; NIDERA SEMENTE - A-7001 (Norte e Noroeste), A-7005 (Norte e Noroeste), A-8500 (Norte e Noroeste); PIONEER - P98R31, DM 118; SYNGENTA - NK 8350, NK 412113, NK 3363, NK 2555 e NK 2561. Ciclo Médio: COODETEC - CD 204, CD 205, CD 206, CD 208, CD 209, CD 217, CD 218 e CDFAPA 220; IAC - IAC 22 (Norte), IAC 19 (Norte), IAC 24 (Norte) e IAC 18 (Norte); EMBRAPA - BR 37, BR 136, BR 154, BRS 214, BRS 215, BRS 216, BRS 231, BRS 233, BRS 244RR, BRS 245RR, BRS 246RR, BRS 247RR, BRS 256RR, BRS 259, BRS 260, BRS 261, BRS 262, BRS 268, BRS Sinuelo (Centro-sul e Sudoeste), BRS Tebana (Centro-sul e Sudoeste), BRS Torena (Centro-sul e Sudoeste) e Embrapa 60; MONSOY - JB-101, M-SOY 6977, M-SOY 6600, M-SOY 7101, M-SOY 7202, M-SOY 7321, M-SOY 7501, M-SOY 7901 e M-SOY 8001; NIDERA SEMENTE - A-7002 (Norte e Noroeste), A-7003 (Norte e Noroeste); PIONEER - DM 247, P98R62. Ciclo semitardio: MONSOY - M-SOY 7603. Ciclo Tardio: COODETEC - CD 211 (Arenito); EMBRAPA - BRS 267, BRS Cambona, BRS Candiero e BRS Pala [Guapa].

5. RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS APTOS AO CULTIVO E PERÍODOS INDICADOS PARA SEMEADURA

A relação de municípios do Estado do Paraná aptos ao cultivo de soja, suprimidos todos os outros, onde a cultura não é indicada, foi calcada em dados disponíveis por ocasião da sua elaboração. Se algum município mudou de nome ou foi criado um novo, em razão de emancipação de um daqueles da listagem abaixo, todas as indicações são idênticas às do município de origem até que nova relação o inclua formalmente.

A época de plantio indicada para cada município, não será prorrogada ou antecipada. No caso de ocorrer algum evento atípico que impeça o plantio nas épocas indicadas, recomenda-se aos produtores não efetivarem a implantação da lavoura nesta safra.

Nota: Informações complementares sobre as características agronômicas, região de adaptação, reação a fatores adversos das cultivares de soja indicadas, estão especificadas e disponibilizadas na Coordenação-Geral de Zoneamento Agropecuário, localizada na Esplanada dos Ministérios, Bloco D, 6º andar, sala 646, CEP 70.043-900 - Brasília - DF e no endereço eletrônico www.agricultura.gov.br.