Despacho ANP nº 125 de 06/02/2007

Norma Federal - Publicado no DO em 07 fev 2007

Publica extrato (sumário) do memorial descritivo do projeto do Terminal de Granéis Líquidos totalmente baseado nas informações, nos estudos e no projeto apresentados pela Adonai Química S/A. à ANP.

A SUPERINTENDENTE ADJUNTA DE COMERCIALIZAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DE PETRÓLEO, SEUS DERIVADOS E GÁS NATURAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pela Portaria ANP nº 206, de 9 de setembro de 2004, com base na Portaria ANP nº 170, de 26 de novembro de 1998, e tendo em vista o constante do Processo ANP nº 48610.008902/2006-36, considerando:

- as informações, os estudos e o projeto apresentados pela Adonai Química S/A., referente à implantação do Terminal de Granéis Líquidos, localizado na Ilha Barnabé, no Município de Santos, Estado de São Paulo;

- a solicitação feita pela Adonai Química S/A., por intermédio de correspondência datada de 11 de setembro de 2006, para a obtenção de Autorização de Construção da referido terminal; resolve:

1. Publicar extrato (sumário) do memorial descritivo do projeto do Terminal de Granéis Líquidos totalmente baseado nas informações, nos estudos e no projeto apresentados pela Adonai Química S/A. à ANP, que faz parte do Anexo do presente despacho;

2. Indicar a "Superintendência de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural" da ANP, com endereçamento à Avenida Rio Branco, 65 - 17º andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20090-004, ou através do endereço eletrônico scm@anp.gov.br, para o encaminhamento, até 30 dias a partir da publicação, dos comentários e sugestões já referidos no caput do presente despacho;

3. Informar que a publicação do presente despacho não implica em uma autorização prévia concedida pela ANP.

ANA BEATRIZ STEPPLE DA SILVA BARROS

ANEXO
SUMÁRIO DO PROJETO

Consta do Processo Administrativo nº 48610.008902/2006-36 da ADONAI QUÍMICA S/A., a solicitação da Autorização de Construção do Terminal de Granéis Líquidos da Adonai Química S/A. que será instalado na Ilha Barnabé, no Município de Santos, Estado de São Paulo.

O terminal tem a finalidade de receber uma variedade de produtos químicos, líquidos derivados de petróleo classes I a III e álcool combustível, transferir aos tanques de estocagem, e transportá-los aos distribuidores, através dos modais rodoviário e marítimo.

1. LOCALIZAÇÃO

Terminal de Granéis Líquidos da Adonai Química S/A. será instalado na Ilha Barnabé, no Município de Santos, Estado de São Paulo. O terminal é composto de duas áreas: uma de 20.000m2 e outra de 7.495,80m2 (conforme primeiro Aditamento do Contrato PRES nº 003.98 da CODESP), separadas por ruas internas da CODESP e uma faixa de passagem para as tubovias de interligação com o cais, localizado na Ilha Barnabé, com acesso pela Rodovia Cubatão - Guarujá Km 1 e vizinha às instalações da Ageo, COPAPE, VOPAK e Granel Química, que exercem o mesmo ramo de atividade.

2. DESCRIÇÃO SUCINTA DO EMPREENDIMENTO

O Terminal da Adonai Química S/A. deverá estocar produtos químicos, líquidos derivados de petróleo classes I a III e álcool combustível de terceiros, de acordo com as tendências de importação e exportação das indústrias da região. Para tal, há previsão de construção das principais instalações apresentadas a seguir.

2.1. Parque de Tanques

O projeto contempla a construção de 7 (sete) tanques, na Bacia de Contenção denominada como Bacia 1, para armazenamento de produtos químicos, líquidos derivados de petróleo classes I a III e álcool combustível, resultando uma capacidade total de 5.800m3, conforme detalhado na tabela abaixo:

Número de Tanques Diâmetro (m) Altura (m) Capacidade (m3) 
6,68 18,30 600 
7,64 18,30 800 
9,55 18,30 1200 

Futuras ampliações, visando aumentar a capacidade de estocagem, estarão sujeitas a nova avaliação pela ANP.

Os tanques (verticais e cilíndricos) serão projetados conforme API 650, e construídos em chapas de aço inox 316-L, aço inox 304 e aço carbono. Todos os tanques, onde possam ser estocados produtos químicos, líquidos derivados de petróleo classes I a III e álcool combustível, deverão ser projetados para o caso mais crítico.

Todos os tanques são providos dos seguintes acessórios/sistemas:

- inertização de nitrogênio;

- instrumentos de medição de nível, por sistema de radar;

- instrumentos de indicação de temperatura.

O arranjo dos tanques deverá assegurar as distâncias mínimas de segurança estipuladas na Norma ABNT NBR 7505-1 "Armazenagem de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis - Parte 1: Armazenagem em tanques estacionários".

A Bacia de Contenção terá uma casa de bombas, com uma bomba para cada tanque, além de duas bombas para o serviço de exportação de produtos. A Bacia de Contenção deverá apresentar altura de 3m, respeitando-se todos os subitens, do item 4.3.1 da NBR 7505-1, referentes ao tópico.

2.2. Sistema de Recebimento de Produtos Químicos

O sistema define as tubulações de interligação dos navios às áreas de estocagem de produtos químicos, líquidos derivados de petróleo classes I a III e álcool combustível. Existem dois pontos de atracação de navios, a saber: Píer São Paulo e Píer Bocaina.

Em cada lado de atracação do píer serão instaladas duas tubulações de aço inox 304L, diâmetro 8" ss10, e comprimento de aproximadamente 410m (entre a casa de bombas e o Píer São Paulo), para carregamento/descarregamento do produto químico transportado por navio. A casa de bomba contará com 2 bombas de 300m3/h de vazão. Cada tubulação terá, na sua extremidade, flanges para fixação de mangotes para facilitar a operação de descarregamento. Todas as tubulações serão providas de válvulas de bloqueio, sendo uma manual, e outra comandada remotamente, via acionamento pneumático.

Os produtos químicos serão enviados a um tanque previamente selecionado. Após o término do bombeamento do navio todas as tubulações serão limpas, e o produto estacionado na tubulação será conduzido para o tanque por pig. Os lançadores de pig estarão localizados no píer, e os receptores, na Casa de Manobras do Terminal. O fluido motriz previsto para a operação de lançamento de pigs será o nitrogênio, que é um fluido inerte a qualquer um dos produtos previstos nesta operação.

Será construída uma plataforma de carregamento/descarregamento de caminhão contendo 4 baias (sendo duas por ilha). Serão instaladas 2 (duas) bombas por ilha para o descarregamento de caminhões, cada uma delas com vazão de 60m3/h. As bombas possibilitam enviar o produto para qualquer um dos tanques instalados na área de tancagem.

Após o descarregamento, as tubulações serão esgotadas para o tanque recebedor e, em seguida, serão limpas. Todas as tubulações de descarga de produtos entre o Píer e o terminal serão fabricadas em aço inox 304, e terão em suas extremidades conexões para permitir a limpeza com vapor e/ou nitrogênio.

2.3. Expedição de Produtos

Será instalada uma bomba para cada tanque com capacidade de 60m3/h para transferência de produtos destes para a plataforma de carregamento. Serão instaladas 2 (duas) bombas, com capacidade de 300m3/h, para importação/exportação de produtos químicos, líquidos derivados de petróleo classes I a III e álcool combustível para navios.

O sistema também prevê a instalação de duas balanças para a pesagem de caminhões antes e depois do carregamento, com emissão de nota fiscal. Os caminhões tanque serão abastecidos através de "braços de carregamento", com sensor de overfill e aterramento para que a operação se torne segura.

2.4. Sistema de Água Potável e Industrial

O sistema de água potável e industrial será abastecido pela rede existente da SABESP. Será instalado um reservatório de água, para suprir as necessidades de água de serviço do terminal:

- área administrativa: consumo de banheiros, pias etc, serão estimadas 20 pessoas com consumo per capita de 200 litros/dia;

- chuveiros e lava olhos de emergência: considerada a simultaneidade de 2 (dois), com vazão de 2m3/h para cada;

- estação de utilidades: considerada a simultaneidade de operação de 4 (quatro), com vazão de 1m3/h para cada.

O reservatório de 70m3 terá seu nível controlado por válvula de nível tipo bóia e contará com bomba capacidade de cerca de 60m3/h. Essa bomba recalcará a água para a rede de distribuição.

A água potável será armazenada para distribuição em caixas de água no prédio administrativo e no prédio de utilidades.

2.5. Sistema de Nitrogênio

Será instalada uma unidade criogênica de nitrogênio com vaporizadores. O nitrogênio gasoso será utilizado para pressurização (inertização) dos tanques atmosféricos. A vazão necessária de nitrogênio para atender à pressão e vácuo dos tanques atmosféricos será dimensionada para atender as necessidades do terminal, de acordo com a API 2000. O nitrogênio também será utilizado para a operação de lançamento dos pigs. Está prevista uma vazão máxima de 2980Nm3/h, que será utilizada para dimensionamento dos vaporizadores. O volume de estocagem de nitrogênio líquido será de aproximadamente 50m3.

Este sistema criogênico, com instalação de vaporizadores será fornecido em comodato.

2.6. Sistema de Combate de Incêndio

De acordo com o Decreto Estadual nº 46.076/01 são exigidos como configuração mínima do sistema de combate a incêndio do Terminal:

Edificações Administrativas:

As edificações administrativas (H=12m e área inferir a 750m2), por estarem isoladas do parque de tanques, enquadram-se na classificação D-1 e, conforme Tabela 5, do DE nº 46.076/01, são recomendados:

- Saídas de Emergência;

- Iluminação de Emergência;

- Alarme de Incêndio;

- Sinalização de Emergência;

- Extintores.

Parque de Tanques (Incluindo Área de Utilidades)

O Parque de Tanques enquadra-se na classificação M-2 e, conforme Tabela 6M.2, do DE nº 46.076/01, são recomendados:

- Acesso de Viatura na Edificação;

- Plano de Intervenção de Incêndio;

- Brigada de Incêndio;

- Alarme de Incêndio;

- Sinalização de Emergência;

- Extintores;

- Hidrante e Mangotinhos;

- Resfriamento;

- Espuma.

O sistema de combate a incêndio para o Terminal atenderá também à norma ABNT NBR-7505- 4 "Armazenagem de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis - Parte 4: Proteção contra Incêndio", e às normas da National Fire Protection Association (NFPA).

A área será classificada como Classe I, Divisão I, Grupos C e D para a parte interna dos diques, base de carregamento e casa de bombas. A área de utilidades e administrativa não é classificada.

O sistema de combate a incêndio deverá ser abastecido por água do mar, captada do Estuário de Santos. Entretanto, o sistema será interligado a um tanque de água de serviço (70m3), que deverá ser abastecido por água doce (SABESP ou CODESP via barcaças). Este tanque será responsável pela pressurização das linhas do sistema de combate a incêndio com água doce. Após o uso da água salgada, as linhas deverão ser preenchidas totalmente por água doce, para a sua limpeza e preservação. Os efluentes gerados serão direcionando para um tanque de serviço, caso apresente espuma, ou diretamente para o mar, no caso de uso de apenas água, até que todo o sistema seja totalmente preenchido com água doce. Vale ressaltar que os tanques não serão providos de linhas de espuma, uma vez que contarão com sistema de inertização. Entretanto, o terminal manterá uma reserva de LGE e hidrantes adaptados para conexão de canhões monitores para lançamento de espuma, inclusive dentro do tanque, em caso de ruptura do teto. O sistema contará ainda com duas bombas a diesel que deverão operar afogadas.

Hidrantes serão localizados de modo a proteger a plataforma de carregamento/descarregamento e os tanques, sendo que estes últimos deverão estar protegidos por, no mínimo, dois hidrantes em operação simultânea.

Uma vez que o projeto originalmente submetido ao Corpo de Bombeiros foi modificado, o Terminal aguarda uma posição do órgão aprovando as modificações propostas.

2.7. Sistema de Drenagem

Serão instalados poços de drenagem na bacia de estocagem e na área de carregamento/descarregamento de caminhões. Em cada poço serão instaladas válvulas com acionamento manual para a interligação com o Sistema de Drenagem de Águas contaminadas que permitirão o envio de água para a ETEL (Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos), ou para interligação com o Sistema de Drenagem de Águas Pluviais, enviando os efluentes para o Estuário, se as características do efluente assim permitir. Entretanto, enquanto a manutenção operacional de uma Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos se caracterizar como inviável, devido à geração insuficiente de efluentes, qualquer efluente líquido proveniente das operações do Terminal será enviado para tratamento fora de suas instalações mediante a emissão prévia do CADRI, pela CETESB. Para tal, os efluentes serão devidamente entamborados, identificados, classificados, armazenados e enviados para tratamento externo ou devolvido para o seu dono, para reaproveitamento, desde que este esteja devidamente licenciamento para tal procedimento.

2.8. Pipe-racks

Junto à bacia de tanques e casa de bomba serão construídos os pipe-racks como suporte aéreo das tubulações até os respectivos transbordos (rodoviário ou aquaviário marítimo), os quais serão construídos sobre fundações de concreto armado e fixados sobre estaqueamento.

2.9. Outros Sistemas

O Terminal contará ainda com sistemas auxiliares de apoio operacional: prédio administrativo, vestiário, refeitório e uma área para manutenção, área para limpeza de mangotes, estação de tratamento de efluentes, sistema de oxidação térmica, gerador de emergência, nitrogênio e ar comprimido.

2.10. Normas Aplicáveis ao Projeto

ANSI B 31.1 Chemical plant and Petroleum Refinery 
API 650 Welded Steel Tanks for Oil Storage 
API 620 Design and Construction of Large, Welded, Low-Pressure Storage Tanks 
API 2000 Venting Atmospheric and Low Pressure Storage Tanks 
ABNT NBR 7505 Armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis 
ABNT NBR 5424 Execução de Instalações Elétricas de Alta Tensão de 0,6-1,5 KV 
ABNT NBR 10152 Níveis de Ruídos para Conforto Acústico 
ABNT NBR 5418 Instalações Elétricas em Ambientes com Líquidos, Gases ou Vapores Inflamáveis 
ABNT NB 222 Segurança de Instalações de Ar Comprimido 
NEC National Electrical Code 
NFPA Fire Prevention Code 
API RP500A Recommended Practice for Classification of Areas for Electrical Installations in Petroleum Refineries  
API RP520 Recommended Practice for the Design and Installation of Pressure Relieving Systems in Refineries 
API RP521 Guide for Pressure Relief and Depressuring Systems 
NFPA 325 Fire Hazard Properties of Flammable Liquids, Gases and Volatile Solids 
NFPA 491 Hazardous Chemical Reactions 
NFPA 20 Centrifugal Fire Pumps 
ABNT NBR 7821 Tanques Soldados para Armazenamento de Petróleo e 
DE 46.076/01 Institui o Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de risco. 

3. MEIO AMBIENTE

Foi encaminhada à ANP uma cópia da Licença de Instalação nº 18000333 emitida pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB do Estado de São Paulo em nome da Adonai Química S/A. contemplando, entre outras obras, o projeto em questão. Entretanto, o objeto global da licença sofreu alterações nos volumes de tancagem aprovados originalmente. Assim sendo, a Adonai informa que, em julho de 2006, foi solicitada a alteração desta Licença, sendo que esta solicitação ainda encontra-se em análise pela CETESB. Contudo, uma vez que o escopo do projeto, objeto da presente solicitação de autorização de construção, foi mantido conforme aprovado originalmente pela CETESB, esta não apresenta nenhum óbice (Ofício nº 1401/2006/CAS) quanto à proposta da Adonai Química S/A. em realizar a construção das instalações previstas nesta etapa.

4. CRONOGRAMA

Consta no processo o cronograma físico-financeiro, indicando que as obras de implantação do Terminal já tiveram início. Isso ocorreu devido a acordos comerciais preliminares que não previam a movimentação de líquidos derivados de petróleo ou de álcool combustível e, desta forma, não exigiam autorização da ANP. Entretanto, a mudança de escopo, de forma a incluir estes produtos, levou a Adonai Química S/A. a solicitar à Agência a Autorização de Construção, após iniciadas as obras civis. O término de construção para o Terminal está previsto para março de 2007.